Nos últimos meses, o cenário do Internacional trouxe à tona questões recorrentes envolvendo a equipe, os resultados em campo e o comportamento da imprensa esportiva gaúcha. Até pouco tempo, predominavam críticas generalizadas, muitas vezes desconsiderando o contexto do clube e as nuances dos trabalhos realizados. Agora, com a recuperação do time no campeonato, o discurso mudou, mas as análises ainda deixam lacunas importantes.
O Papel de D’Alessandro e Roger Machado
A chegada de Andrés D’Alessandro como gestor de futebol foi amplamente apontada como o ponto de virada no Internacional. Muitos veículos atribuíram a ele o mérito da reorganização da equipe, mesmo após uma passagem discreta pelo Cruzeiro. Entretanto, essa visão ignora a contribuição significativa do técnico Roger Machado, que levou tempo para ajustar a equipe, mas conseguiu extrair o melhor de uma base sólida deixada por Eduardo Coudet.
Coudet, apesar de perseguições constantes da mídia, implementou uma filosofia de jogo que privilegiava a criação ofensiva, embora enfrentasse dificuldades na finalização. Roger Machado complementou esse trabalho com ajustes estratégicos que levaram a equipe a um desempenho equilibrado.
Os pilares da evolução do Internacional incluem:
- Trocas rápidas de passes e viradas de jogo para criar espaços e oportunidades.
- Pressão na saída de bola adversária, com o uso de faltas táticas para impedir a progressão e induzir erros.
- Sólida estrutura defensiva, já existente, mas agora potencializada, resultando na melhor defesa do campeonato.
Essas mudanças trouxeram resultados consistentes, mas ainda enfrentam resistência para serem amplamente reconhecidas pela imprensa local.
A Imprensa Gaúcha: Críticas e Falta de Propostas
A mídia esportiva do Rio Grande do Sul, especialmente após a transição para o YouTube em 2017, tem mostrado dificuldades em oferecer análises que vão além de críticas pontuais ou perseguições. Observa-se que:
- As críticas frequentemente se concentram em figuras individuais, sem considerar o contexto geral.
- Poucas sugestões práticas são apresentadas para melhorias; a análise fica restrita ao diagnóstico do que deu errado.
- O tom de superioridade permeia muitas opiniões, acusando técnicos como Renato Gaúcho ou Eduardo Coudet de arrogância, enquanto reflete comportamentos semelhantes.
Essa abordagem contribui para um ambiente de instabilidade nos clubes, alimentando um ciclo de polarização que influencia tanto os torcedores quanto o próprio desempenho das equipes.
O Impacto no Futebol Gaúcho
Um dado curioso destaca-se desde a migração de jornalistas para plataformas digitais: nenhum título de expressão nacional ou internacional foi conquistado por Grêmio ou Internacional. Os clubes têm se limitado a competições regionais, como o Gauchão e a Recopa Gaúcha.
Embora seja injusto atribuir essa coincidência exclusivamente à atuação da imprensa, é inegável que a criação de um ambiente de pressão e instabilidade afeta as equipes, limitando sua evolução em cenários mais competitivos.
Conclusão: A Necessidade de Evolução
O jornalismo esportivo gaúcho precisa amadurecer, adotando uma postura mais profissional e imparcial. Para isso, é necessário:
- Reconhecer os méritos de treinadores e gestores, valorizando seus esforços e conquistas.
- Oferecer críticas construtivas, acompanhadas de propostas que contribuam para a melhoria do futebol.
- Desenvolver análises profundas e imparciais, livres de favoritismos ou pressões externas.
Somente assim o futebol gaúcho poderá superar as limitações atuais, fortalecendo-se internamente e reconquistando relevância no cenário nacional e internacional.
