Grêmio vence Sportivo Luqueño por 1 a 0 pela Copa Sul-Americana, mas a atuação pragmática não agradou à torcida e gerou dúvidas sobre o futuro da equipe.

⚽ Sudamericana 2025: Vitória sem brilho expõe limitações do Grêmio

Na última quinta-feira, o Grêmio venceu o Sportivo Luqueño por 1×0 na Arena, em partida válida pela última rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana 2025. Apesar dos três pontos, a atuação do time gaúcho foi marcada por pragmatismo excessivo, falta de criatividade e um resultado que não garantiu a liderança do grupo, mantendo o clube na rota do confronto do mata-mata da repescagem.


🧊 Frieza em excesso: quando o medo de errar supera a vontade de vencer

O jogo poderia ter tomado um rumo bem diferente ainda no primeiro tempo, quando o Grêmio teve um pênalti a seu favor desperdiçado por Matheus Arezo. A cobrança fraca facilitou a defesa do goleiro paraguaio — o terceiro na hierarquia da equipe do Luqueño, que atuava com vários desfalques e atravessa uma crise em seu campeonato nacional.

A falta de confiança em arriscar foi evidente. Com 71% de posse de bola e 29 finalizações contra apenas 3 do adversário, o Grêmio demonstrou domínio territorial e técnico, mas sem transformar essa superioridade em gols. Isso se refletiu no baixo número de grandes chances convertidas: apenas 1 em 7.


🔄 O pragmatismo sufoca o talento: toque de bola sem agressividade

Apesar das 524 trocas de passe e das boas triangulações em alguns momentos, a equipe mostrou um padrão repetitivo e estéril, sem jogadas de ruptura ou ousadia individual. A baixa taxa de cruzamentos bem-sucedidos (apenas 1 em 12 tentativas) e a dificuldade em transformar as 58 ações dentro da área em gols evidenciam uma equipe que ronda a área, mas não machuca.

Esse comportamento conservador pode ser explicado por um trauma recente: o Grêmio passou boa parte de 2024 lutando contra o rebaixamento no Brasileirão e iniciou 2025 com a mesma tensão. A ausência de confiança coletiva tem transformado a equipe em um grupo com medo de errar, o que afeta diretamente a criatividade.


🔁 Grêmio reserva, mas com potencial: resultado não justifica a cautela

Mesmo com uma escalação mista, poupando titulares para o Brasileirão, o adversário exigia um desempenho mais convicto. O Sportivo Luqueño é uma equipe tecnicamente limitada, considerada semi-amadora em comparação ao elenco gremista, e que jogava com o terceiro goleiro.

Enquanto o Godoy Cruz, líder do grupo, tropeçava em casa e empatava com o Atlético Grau por 2×2, o cenário se desenhava favorável para o Grêmio. Bastavam dois gols a mais para assumir a liderança. No entanto, o time não acelerou, não pressionou com intensidade e deu sinais de que administrava o resultado — um comportamento passivo que irritou a torcida.


📉 Diagnóstico técnico: o que mostram os números?

Dados da partida:

  • Posse de bola: 71% Grêmio | 29% Sportivo Luqueño
  • Finalizações: 29 (11 no alvo) x 3 (1 no alvo)
  • Grandes chances criadas: 7 (6 desperdiçadas) x 0
  • Escanteios: 13 x 2
  • Desarmes: 17 x 15
  • Recuperações de bola: 47 x 35
  • Dribles certos: 12/18 (67%)

Interpretação:
O domínio estatístico é claro, mas o aproveitamento é alarmante. A taxa de conversão de grandes chances (14%) e o desperdício ofensivo comprometem qualquer planejamento tático. O Grêmio cria, mas não finaliza com eficiência. O pênalti perdido é apenas um símbolo de uma mentalidade que hesita em decidir.


🧠 A mente do time pesa mais que as pernas

O Grêmio de Mano Menezes ainda carrega resquícios emocionais das batalhas contra o rebaixamento e da perda de protagonismo desde a saída de Suárez. O medo de errar travou não apenas o corpo dos jogadores, mas suas decisões. Jogadores como Cristaldo, Villasanti e Pavón parecem jogar dentro de uma caixa imaginária, receosos de ousar, de errar o passe vertical ou tentar um chute de fora da área.

Essa trava mental é reforçada pela pressão de parte da imprensa, que alimenta a insatisfação da torcida como ferramenta de engajamento. A narrativa de que “falamos pela voz do torcedor” esconde a real motivação: monetizar o caos com o Adsense.


🕰️ Tempo e paciência: o que o Grêmio precisa agora?

Renato Portaluppi sobreviveu a 2024 administrando crises, Guíñazú não teve tempo e caiu precocemente. Agora, Mano Menezes precisa ser blindado. Sua filosofia exige treinos, entendimento tático e tranquilidade. O clube, que já deu sinais de melhora — como os três jogos sem sofrer gols contra CSA, Bahia e Luqueño — precisa evoluir ofensivamente sem abrir mão da solidez defensiva recém-conquistada.


🛠️ Reforços urgentes: meio-campo, zaga e um camisa 9 “matador”

Com a pausa para o Mundial de Clubes, o Grêmio terá tempo para treinar. Mas também precisa ir ao mercado. As prioridades são:

  • Um meio-campista com qualidade no passe vertical.
  • Um zagueiro confiável para rodar com Wagner Leonardo, Jemerson, Gustavo Martins e Kannemann.
  • Um centroavante estilo “pivô e finalizador” — para disputar posição com Braithwaite e oferecer variação tática.

✅ Conclusão: vitória com gosto de derrota?

O Grêmio venceu, mas não convenceu. A Sul-Americana continua, mas por um caminho mais difícil. A torcida, cansada de promessas e cautela, exige atitude. O clube, no entanto, precisa de racionalidade e visão de longo prazo para não repetir os erros do passado. Entre a urgência por resultados e a necessidade de reconstrução, Mano Menezes e sua comissão caminham numa corda bamba.

Se o Grêmio não entender que tempo e paciência são tão valiosos quanto gols, pode acabar marcando contra si mesmo — fora de campo.

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