Após anos de altos e baixos, Mano Menezes retorna ao Grêmio com um elenco mais técnico e a missão de reconstruir sua carreira e a identidade do clube. Veja tudo sobre Mano Menezes no Grêmio.
A chegada de Mano Menezes ao Grêmio: renascimento ou risco calculado?
O anúncio de Mano Menezes como novo técnico do Grêmio em 2025 reacende debates antigos e acende novas expectativas. Após passagens polêmicas por clubes como Internacional e Corinthians, e sem os resultados esperados nos últimos trabalhos, Mano agora encara uma missão delicada: reestruturar uma equipe resiliente, mas que ainda não encanta e, ao mesmo tempo, provar que ainda é um técnico de elite no futebol brasileiro.
Com um passado vitorioso — como a inesquecível campanha na Libertadores de 2007 com o próprio Grêmio — Mano retorna ao clube onde ajudou a construir uma das identidades mais marcantes dos últimos tempos: um Grêmio aguerrido, taticamente disciplinado, competitivo mesmo com limitações técnicas. Agora, o cenário é diferente: o elenco é mais talentoso, mas carente de direção.
Estilo de jogo de Mano Menezes: pragmatismo com estratégia
Para entender o que o Grêmio pode esperar dentro de campo, é essencial analisar o estilo de jogo que Mano imprimiu em suas últimas equipes.
1. Saída de bola estruturada, mas flexível
Nos últimos trabalhos, especialmente no Internacional, Mano usou uma saída de três jogadores. Em vez de manter uma linha fixa com quatro defensores, apostava em adaptações com um lateral recuando ou um volante se aproximando, como foi o caso de Renê ou Johnny. Essa saída permitia ao time encontrar espaços contra adversários que marcavam em bloco médio.
2. Ataques pelos lados com triangulações e jogo vertical
Mano valoriza o jogo pelos lados do campo. Pontas abertos atraem a marcação adversária, liberando os meias interiores para infiltrar. A movimentação coordenada entre laterais, meias e atacantes permite triangulações no terço final do campo — característica marcante nas equipes que ele comandou.
Jogadores como Alan Patrick e Maurício, por exemplo, se movimentavam entre as linhas de marcação, buscando criar superioridade numérica e gerar chances com cruzamentos ou finalizações rápidas.
3. Jogo direto e uso de pivô no ataque
Mesmo com momentos de posse, Mano também recorre ao jogo direto. Quando contava com o centroavante Alemão, por exemplo, o objetivo era claro: disputa no alto, proteção da bola e ataque vertical imediato. Isso pode se repetir no Grêmio, com jogadores como Diego Costa ou JP Galvão, dependendo do contexto da partida.
A questão da gestão de elenco: ponto fraco de Mano?
Um dos pontos mais controversos da trajetória recente de Mano Menezes é sua relação com os jogadores. Relatos de desentendimentos e um estilo rígido de comando apareceram em diversos momentos. O desafio agora será encontrar equilíbrio entre disciplina e diálogo, especialmente em um vestiário que demonstrou união e cabeça fria mesmo sob pressão, como vimos recentemente nas classificações por pênaltis.
O Grêmio de 2025 se mostra resiliente emocionalmente, mesmo sem apresentar um futebol vistoso. Esse espírito pode ser potencializado com um líder experiente como Mano — desde que ele se adapte à nova realidade do futebol moderno, onde gestão de grupo é tão importante quanto o desenho tático.
Mano Menezes no Grêmio: um casamento de necessidade mútua
Tanto Mano quanto o Grêmio precisam um do outro neste momento. O clube busca reconstrução técnica e tática, enquanto Mano tenta resgatar o prestígio de uma carreira que, embora vitoriosa, sofre com questionamentos cada vez mais frequentes.
Em 2007, com um time limitado, Mano levou o Grêmio à final da Libertadores. Perdeu para o Boca Juniors de Riquelme, sim, mas com atuações que deixaram marcas — com direito a gols ilegais sofridos e bolas na trave que poderiam ter mudado a história. Agora, o elenco é mais qualificado. Se conseguir adaptar seu estilo, ouvir o vestiário e manter a competitividade, o técnico pode sim alcançar novas conquistas e talvez, enfim, silenciar as críticas.
Considerações finais: Mano precisa evoluir, e o Grêmio precisa estabilidade
A nova era de Mano Menezes no Grêmio será marcada pela necessidade de flexibilidade. A rigidez tática e o pragmatismo defensivo, marcas registradas do treinador, podem ser ativos importantes. No entanto, o futebol de hoje exige mais: versatilidade, criatividade e gestão humana.
Se Mano entender que o Grêmio de 2025 é diferente daquele de 2007 — mais técnico, mais jovem e com outra mentalidade — e conseguir se adaptar a isso, tem tudo para reescrever um novo capítulo vencedor no clube que um dia ajudou a moldar.